Governo propõe aumento de até 10% no lucro presumido: saiba como isso afeta sua empresa
Alerta aos prestadores de serviços: aumento de tributos no lucro presumido
O governo federal propôs elevar em 10% a base de cálculo do IRPJ e da CSLL para empresas que optam pelo lucro presumido, impactando diretamente prestadores de serviços. Essa mudança recai sobre a parcela da receita que ultrapassar R$ 1,2 milhão por ano, elevando a alíquota de presunção de 32% para 35,2%.
Com a medida, negócios de pequeno e médio porte podem enfrentar maior carga tributária e custos operacionais. É fundamental entender esses reflexos financeiros e avaliar estratégias para minimizar efeitos no caixa e na competitividade.
Prestadores de serviços que declaram pelo lucro presumido devem ficar atentos à proposta do governo, que eleva em 10% a base de cálculo do IRPJ e da CSLL sobre a parcela da receita que ultrapassar R$ 1,2 milhão por ano. Essa alteração altera o caráter simplificado do regime e pode resultar em aumento expressivo da carga tributária.
As principais consequências financeiras envolvem:
- Redução da margem líquida;
- Pressão sobre o fluxo de caixa;
- Aumento do custo por serviço prestado;
- Necessidade de ajustes no planejamento orçamentário.
Diante desse cenário, é fundamental acompanhar de perto indicadores de rentabilidade, revisar contratos e custos operacionais e avaliar, junto ao contador, possíveis simulações de cenários para mitigar impactos no resultado final.
O que é o lucro presumido e quem será afetado pela proposta
O regime de lucro presumido é uma forma de simplificar o cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Em vez de apurar o lucro real, que exige controles contábeis detalhados, a Receita Federal estabelece uma margem de lucro fictícia sobre a receita bruta e aplica os tributos sobre esse valor. Esse modelo reduz a burocracia e o custo de compliance para muitas empresas.
Estão aptas a optar pelo lucro presumido sociedades com faturamento anual de até R$ 78 milhões. Dentro desse limite, o regime é escolhido principalmente por empresas de pequeno e médio porte que não possuem despesas dedutíveis relevantes ou cujo custo de manter uma contabilidade completa seja elevado.
- Comércio e indústria: presunção de 8% sobre a receita bruta
- Serviços em geral, administração de bens, construção civil e intermediação de negócios: presunção de 32%
- Outras atividades: margens intermediárias definidas pela Receita Federal
O perfil típico de quem opta pelo lucro presumido inclui prestadores de serviços, pequenas indústrias, empresas de comércio e até entidades sem fins lucrativos. A escolha ocorre quando o grau de simplificação e a redução de obrigações acessórias superam eventuais benefícios de abatimento de despesas que o lucro real poderia oferecer.
Detalhes da proposta: cálculo do acréscimo de 10%
O texto do projeto estabelece que a partir da parcela de receita anual que exceder R$ 1,2 milhão, o percentual de presunção seja aumentado em 10% sobre o índice vigente. Ou seja, não há mudança na alíquota aplicada até esse limite, apenas na fração que ultrapassar o teto.
Na prática, a cobrança passa a obedecer a dois patamares:
- Receita até R$ 1,2 milhão: presunção conforme o regime atual (por exemplo, 32% para serviços);
- Receita acima de R$ 1,2 milhão: presunção acrescida de 10% sobre o índice original (32% × 1,10 = 35,2% para serviços).
Exemplo prático para prestadores de serviços com faturamento de R$ 2 milhões/ano:
- Primeiros R$ 1,2 milhão • Base de cálculo = 32% • Valor presumido = R$ 384 000;
- Excesso de R$ 800 000 • Base de cálculo = 35,2% • Valor presumido = R$ 281 600;
- Total da base de cálculo presumida = R$ 665 600.
Sobre esses valores serão aplicadas as alíquotas de IRPJ e CSLL. A mudança pressiona o valor tributável apenas na faixa excedente, mas pode elevar significativamente a carga tributária em empresas que ultrapassem o limite anual.
Impactos esperados: competitividade, preços e investimentos
Especialistas alertam que o acréscimo de 10% na base de cálculo do lucro presumido tende a aumentar o custo efetivo de tributos, com efeitos diretos na operação de empresas de pequeno e médio porte.
- Pressão nos preços: o repasse do aumento tributário ao cliente final pode elevar o valor de serviços e produtos, afetando a demanda e a fidelização;
- Redução de investimentos: a diminuição da margem líquida tende a comprometer recursos destinados a expansão, modernização de processos e inovação;
- Perda de competitividade: negócios que não puderem adequar rapidamente sua estrutura de custos podem ficar em desvantagem frente a concorrentes nacionais e estrangeiros.
O cenário exige monitoramento rigoroso dos indicadores de rentabilidade e análise de ajustes no planejamento financeiro para mitigar impactos no curto e médio prazo.
Análise de tributaristas: migração, reforma tributária e estratégias
Tributaristas destacam que o aumento da base de cálculo do lucro presumido reforça a atratividade do lucro real apenas para empresas com despesas dedutíveis relevantes. Guilherme Costa Val afirma que a migração só faz sentido quando essas despesas forem significativas. Jéssica Garcia Batista ressalta que a medida altera o caráter simplificado do regime, tornando-o menos vantajoso como alternativa de compliance simplificado. Carlos Eduardo Navarro, por sua vez, lembra que a simplicidade na apuração e a menor exigência de comprovação de despesas são fatores decisivos para muitos optantes.
Além disso, todos apontam que a reforma tributária prevista para 2027, com a eliminação do modelo cumulativo de PIS e Cofins, pode exercer impacto ainda maior na escolha do regime. Essa mudança deve ser acompanhada de perto pelos empresários, já que poderá redefinir custos fiscais e incentivar revisões estratégicas.
- Realizar simulações comparativas entre lucro presumido e lucro real para identificar o ponto de equilíbrio;
- Avaliar a relevância e o volume das despesas dedutíveis antes de considerar a migração;
- Acompanhar os desdobramentos da reforma tributária de 2027 para antecipar cenários;
- Revisar processos e controles internos para maximizar benefícios fiscais e reduzir riscos.
Como a Via Contábil pode apoiar sua empresa
Um planejamento contábil especializado permite uma avaliação detalhada das particularidades de cada negócio, oferecendo informações precisas para tomadas de decisão. Com a análise de cenários e projeções de custos tributários, as empresas podem:
- Identificar o regime mais vantajoso de tributação;
- Realizar simulações de impacto financeiro antes de alterar a apuração de impostos;
- Otimizar processos internos por meio de controles e rotinas automatizadas;
- Monitorar indicadores de desempenho e fluxo de caixa em tempo real;
- Antecipar ajustes no orçamento e nas provisões tributárias.
Esse acompanhamento contínuo ajuda a manter a saúde financeira, reduzir riscos de autuações e adaptar rapidamente a gestão às mudanças na legislação, garantindo maior previsibilidade e segurança para o futuro do negócio.
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Fonte Desta Curadoria
Este artigo é uma curadoria do site O Globo. Para ter acesso à matéria original, acesse Governo quer aumentar tributação sobre empresas que declaram pelo lucro presumido