Reforma Tributária 2026: o que mudar para PMEs e como se antecipar
Em janeiro de 2026, a Reforma Tributária substitui PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI por dois tributos: a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Para as PMEs, isso significa revisar enquadramentos, atualizar sistemas e redesenhar processos de apuração.
Durante o período de transição até 2033, regimes antigos e novos coexistirão, aumentando riscos de erros e penalidades. Esta curadoria mostra os impactos no Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real, e aponta ações estratégicas para antecipar desafios e transformar a mudança em diferencial competitivo.
Impactos Imediatos da Reforma Tributária de 2026 para sua PME
A Reforma Tributária de 2026 institui a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), de âmbito federal, e o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), estadual e municipal, para substituir de forma gradual PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI a partir de janeiro de 2026. Essa mudança altera profundamente a forma de apuração, cobrança e aproveitamento de créditos pelas pequenas e médias empresas.
Principais impactos para PMEs:
- Substituição de tributos federais (PIS/Cofins) por CBS, com nova base de cálculo.
- Unificação de ICMS, ISS e IPI no IBS, redefinindo a partilha entre estados e municípios.
- Período de transição até 2033, com coexistência de regras antigas e novas.
- Necessidade de revisar sistemas e processos de apuração para evitar erros e penalidades.
Para as PMEs, essa mudança exige planejamento e revisão imediata de fluxos de caixa, controles internos e obrigações acessórias antes do início da vigência.
Conhecendo a CBS e o IBS
A Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) é um tributo federal que unifica PIS e Cofins. Sua base de cálculo abrange o valor total das operações de venda de produtos e prestação de serviços, com mecanismo de crédito não cumulativo. Por exemplo, uma indústria automotiva poderá descontar da CBS paga na venda o crédito correspondente ao tributo já pago na aquisição de insumos, desde que devidamente comprovado.
O Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) reúne ICMS, ISS e IPI sob competência dos estados e municípios. A cobrança ocorre no local de consumo, respeitando a partilha entre entes federativos. Em um serviço de consultoria prestado em diferentes cidades, por exemplo, o IBS será recolhido conforme o município onde o cliente recebe o serviço, garantindo que a receita seja destinada corretamente ao governo local.
- CBS (federal): incide sobre faturamento, com créditos de insumos e serviços.
- IBS (estadual/municipal): incide no consumo, com partilha entre estados e municípios.
Como cada regime tributário será afetado
Simples Nacional: no Simples Nacional, o regime segue unificado, mas as empresas não poderão gerar créditos de CBS e IBS. Isso tende a elevar o custo tributário e afetar a competitividade em segmentos com maior consumo de insumos e serviços cumulativos, exigindo ajustes de preços e margens.
- Recolhimento único sem aproveitamento de créditos;
- Revisão de fluxo de caixa e margem de lucro;
- Atenção aos limites de faturamento e faixas de alíquotas;
- Readequação de contratos para repasse de custos.
Lucro Presumido: empresas no Lucro Presumido terão de recalibrar sua base de cálculo, incorporando as novas regras de não cumulatividade da CBS e IBS. Operações interestaduais e receitas financeiras passam a exigir controles internos mais robustos e registro detalhado para evitar erros de apuração.
- Revisão da base de cálculo e percentuais de presunção;
- Ajuste de sistemas para calcular créditos não cumulativos;
- Implementação de controles em operações interestaduais;
- Monitoramento de receitas financeiras e serviços especializados.
Lucro Real: no Lucro Real, a exigência técnica é maior. Empresas precisarão reestruturar sistemas de gestão, parametrizar corretamente créditos de CBS e IBS e garantir a não cumulatividade conforme a nova legislação.
- Atualização de ERPs e módulos fiscais;
- Definição precisa de centros de custo e parâmetros de crédito;
- Conciliação contábil-fiscal diária;
- Capacitação da equipe para normas de crédito e compliance.
Simples Nacional: manutenção com restrições de crédito
O Simples Nacional permanece como regime unificado de recolhimento, mas passa a vedar o aproveitamento de créditos de CBS e IBS. Empresas optantes continuam pagando todos os tributos em uma guia única, porém sem abater os valores de CBS e IBS, o que pode elevar a carga tributária efetiva.
- Recolhimento centralizado sem crédito: tributos consolidados na DAS sem possibilidade de dedução de CBS/IBS.
- Impacto na competitividade: custos mais altos em setores intensivos em insumos e serviços, exigindo ajustes de margem.
- Revisão de preços e contratos: necessidade de repassar parte do custo tributário a clientes ou renegociar fornecedores.
- Atenção aos limites de faturamento: acompanhamento rigoroso das faixas de alíquotas para evitar saltos involuntários de faixa.
Para reduzir impactos, as PMEs devem revisar fluxos de caixa, renegociar termos contratuais e ajustar estratégias de precificação antes da entrada em vigor da Reforma.
Lucro Presumido: revisão de base e controles internos
No Lucro Presumido, a principal mudança envolve a forma de apuração da receita bruta e o cálculo dos tributos não cumulativos. Como a CBS e o IBS passam a integrar a base de cálculo, as empresas precisam recalibrar os percentuais de presunção aplicados a cada receita. Além disso, as operações interestaduais e as receitas financeiras demandam registro detalhado para garantir apropriado crédito fiscal e evitar autuações.
Para adequar processos internos e sistemas de informação, as organizações devem implementar controles robustos de entrada e saída de bens e serviços, bem como monitorar constantemente o valor dos créditos gerados e utilizados. A falta de parametrização correta pode resultar em sub ou superapuração dos tributos, com impactos diretos no fluxo de caixa e na saúde financeira.
- Revisar os percentuais de presunção conforme a nova legislação, ajustando fórmulas de cálculo no sistema de gestão.
- Parametrizar créditos de CBS e IBS, registrando insumos e serviços elegíveis de forma separada.
- Implementar checkpoints em operações interestaduais para diferenciar alíquotas e apurar corretamente o IBS.
- Monitorar receitas financeiras e serviços especializados, garantindo tratamento tributário adequado.
- Realizar conciliações periódicas entre sistemas contábil e fiscal para detectar divergências antes das declarações.
Lucro Real: exigências técnicas e sistemas robustos
Para as empresas no Lucro Real, a transição para CBS e IBS impõe alta complexidade técnica. Será fundamental revisar e reforçar a infraestrutura de sistemas de gestão, garantindo que cada operação gere os registros fiscais e contábeis necessários para o correto aproveitamento de créditos não cumulativos. Além disso, é preciso definir parâmetros claros de contabilização e conciliação entre módulos, assegurando que compras, estoques e vendas estejam integrados ao ambiente fiscal.
- Atualização de ERPs e módulos fiscais, incorporando regras de crédito de CBS e IBS.
- Parametrização detalhada de centros de custo, classificando insumos e serviços elegíveis.
- Integração entre sistemas de compras, estoque e gestão financeira para rastrear créditos.
- Conciliação contábil-fiscal diária, detectando divergências antes das obrigações acessórias.
- Monitoramento automatizado de alíquotas e bases de cálculo para operações interestaduais.
- Capacitação contínua da equipe em compliance tributário e uso de ferramentas de BI.
Período de transição até 2033: desafios e riscos
Durante o período de transição, que se estenderá até 2033, as empresas deverão lidar simultaneamente com obrigações referentes aos tributos extintos (PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI) e às novas contribuições (CBS e IBS). Esse cenário de dupla exigência aumenta a complexidade operacional e o risco de divergências nos cruzamentos de informações fiscais.
Para mitigar erros e penalidades, é imprescindível manter dados organizados e consistentes em sistemas integrados. A conciliação periódica entre apurações antigas e novas deve incluir:
- Monitoramento diário de lançamentos para identificar inconsistências;
- Conciliação contábil-fiscal regular, garantindo que créditos e débitos sejam apropriados corretamente;
- Auditorias internas programadas para conferir o alinhamento entre documentos fiscais, notas e registros eletrônicos;
- Atualização constante de cadastros de produtos, serviços e fornecedores, permitindo apurações mais precisas.
Sem esses cuidados, as PMEs correm o risco de enfrentar multas, perdas de créditos legítimos e retrabalhos que impactam diretamente o caixa e a saúde financeira.
Estratégias essenciais para sua empresa se preparar
Para que sua PME se posicione de forma estratégica diante da Reforma Tributária de 2026, considere quatro ações prioritárias:
- Revisão dos últimos cinco anos de tributos pagos: avalie declarações e identifique ajustes e créditos não aproveitados.
- Validação do enquadramento tributário: confira se o regime atual (Simples, Presumido ou Real) ainda é o mais adequado ao perfil de faturamento e operações.
- Automação fiscal de ponta: implemente ferramentas que padronizem a apuração de CBS e IBS, reduzam erros e gerem relatórios em tempo real.
- Capacitação contínua das equipes: promova treinamentos específicos sobre os novos tributos e atualizações normativas para garantir compliance e agilidade.
Essas medidas fortalecem o controle interno, minimizam riscos de autuação e preparam a empresa para aproveitar ao máximo os benefícios do novo sistema tributário.
Simplificação de obrigações e potencial competitivo
O Comitê Nacional de Simplificação de Obrigações Acessórias (CNSOA) foi criado para unificar declarações fiscais e digitalizar rotinas tributárias, reduzindo a burocracia e o tempo gasto nas tarefas acessórias. Com a padronização de formulários e o uso de plataformas eletrônicas integradas, as empresas poderão concentrar esforços na gestão estratégica, diminuindo retrabalhos e riscos de inconsistências.
Entender rapidamente o funcionamento da CBS e do IBS oferece vantagens competitivas: ao mapear pontos de crédito e identificar oportunidades de otimização, a PME ganha agilidade na formação de preços e na negociação com fornecedores, além de fortalecer a conformidade fiscal.
- Declarações consolidadas: menos arquivos, menos conferências manuais.
- Automação de dados: integração direta entre sistemas contábeis e órgãos fiscalizadores.
- Monitoramento em tempo real: alertas sobre prazos, inconsistências e atualizações normativas.
- Foco estratégico: equipes liberadas para análises de performance em vez de tarefas operacionais.
Ao aproveitar as facilidades do CNSOA e dominar a CBS e o IBS desde o início, sua empresa transforma a adaptação à Reforma em um diferencial de mercado, garantindo maior eficiência, transparência e segurança jurídica.
Como a Via Contabil pode apoiar sua preparação
Com 25 anos de experiência, a Via Contabil alia profundo conhecimento tributário à visão estratégica para apoiar sua PME na transição. Nossa equipe realiza um diagnóstico detalhado de processos, mapeando potenciais riscos e créditos não aproveitados.
Oferecemos soluções personalizadas para:
- Revisão de enquadramento tributário e análise de cenários;
- Implementação de automação fiscal para CBS e IBS;
- Parametrização de sistemas e controles internos;
- Capacitação contínua das equipes fiscais e contábeis;
- Monitoramento e auditoria preventiva de apurações.
Com foco em segurança jurídica, garantimos precisão e conformidade durante todo o período de adaptação, permitindo que você enfrente os desafios da Reforma Tributária com confiança e eficiência.
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Fonte Desta Curadoria
Este artigo é uma curadoria do site Portal Contabeis. Para ter acesso à matéria original, acesse Reforma Tributária mudará a forma das PMEs pagarem impostos